quarta-feira, 30 de abril de 2008

Maio de 68


Passaram 40 anos !
Depois de Maio de 1968 o mundo mudou.
O que foi que aconteceu em 68 ? Como começou?

A "crise" de Maio de 1968 começou por ser uma contestação estudantil francesa que teve réplicas nos demais países desenvolvidos, desde os EUA ao Japão. Existia todo um mal-estar profundo no seio dos estudantes, iniciado já em Março com algumas agitações. O detonador da crise apareceu em Nanterre, nos arredores da capital francesa, tradicionalmente apelidada de feudo "esquerdista". Assim, depois de repetidos incidentes, entre os quais a ocupação pelos estudantes, a Faculdade de Nanterre foi fechada a 2 de Maio. Grupos de esquerda, revoltados "contra a sociedade de consumo", o ensino tradicional e a insuficiência de saídas profissionais, decidem opor-se pela "contestação permanente". Os estudantes ocupam, depois, a Universidade da Sorbonne - encerrada pelas autoridades a 3 de Maio -, sofrendo uma dura intervenção policial. Geram-se tumultos e focos de tensão, com as primeiras barricadas nas ruas - nomeadamente no Quartier Latin (confrontos de que resultam 805 feridos, entre os quais 345 polícias) -, entrando-se num ciclo de provocação e repressão. A 9 de Maio, contra esta tendência, dá-se, no Boulevard St. Michel, uma manifestação pacífica. No dia seguinte, regressa a violência, com a famosa "noite das barricadas", carros em chamas, agitação na Sorbonne. Segue-se uma gigantesca manifestação estudantil em Paris, a 13 de Maio, com cerca de 600 000 estudantes.
O conflito alarga-se, porém, ao sector social, com manifestações sindicais nesse mesmo dia, acompanhadas de greves que paralisaram mais de 10 milhões de trabalhadores em França.
Fonte: Infopédia

E como são hoje os "boomers" de então ?

L'étude "Génération 68 : génération généreuse ?", présentée à la Fondation de France jeudi 17 avril, mettait en évidence la générosité croissante des ex-soixante-huitards et leur manière très personnelle de s'impliquer.
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Préparer l'avenir est devenu une priorité
Mais l'âge modifie aussi les comportements. L'étude montre en effet que le social, même s'il reste leur première préoccupation, et culmine (71%) dans l'ordre de leurs priorités (notamment en ce qui concerne la misère, le logement et l'aide aux personnes en difficulté), tandis que la politique chute de 25 à 6%.
Désormais sensibles à l'aide aux personnes âgées (48%), à l'aide aux personnes handicapées (41%) et à l'éducation (31%), les boomers sont moins attentifs au sport et aux loisirs (5%) ainsi qu'à la culture (4%). Oubliées les mentalités prônées par Mai 68, il faut, selon eux, préparer l'avenir sur le plan social et environnemental et revoir le système éducatif qui se caractérise par "trop de laisser-aller" et par un "manque de respect et d'autorité".

Fonte: Patrick Idoux – In Seniorscopie

sábado, 26 de abril de 2008

Dia Mundial do Livro


Não sei como conseguem assistir às comemorações e actualizarem os bloggs no mesmo dia! Rendo a minha homenagem aos que são capazes de o fazer. Eu pensava que não era preguiçosa, mas depois de ver o Blog da Banda da Covilhã ... bom tenho de concordar que o Blog da Banda tem um speed !!!

O dia do Livro foi 23 e, aqui na minha terra, foi comemorado e bem, com os lançamentos de livros na UBI.
A respeito de livros e das palavras dos livros, ou dos discursos, quero partilhar um bocadinho de texto de Ohran Pamuk, prémio Nobel em 2006, que começa o livro assim: «Um dia li um livro e toda a minha vida mudou» . E que diz a certa altura : « ... e as palavras, e mais palavras, e ainda mais palavras espalharam-se por todo o lado, como as contas de um colar cujo fio se partiu. Como baratas famintas e frenéticas, as palavras impressas invadiram as embalagens de sabonetes ou as caixas de ovos, enfiaram-se por baixo das nossas portas. De tal maneira assim foi que o verbo e matéria, dantes inseparáveis, viraram as costas um ao outro. De tal maneira assim foi que na noite de luar, quando nos perguntam o que significam o tempo, a vida, a tristeza, o destino e a dor, nós confundimos todas as respostas que outrora conheciamos de cor. Tal como o estudante marrão que não dorme na véspera de um exame.» A Vida Nova

Um grande amigo meu emprestou-me há uns anos um livrinho, escrito por um missionário, sobre um costume de um país africano, que relatava que o marido e mulher, não falavam um com o outro. Para comunicarem tinham uma linguagem feita com os testos das panelas. Testo assim, queria dizer bem disposto, texto de outro modo, queria dizer zangado e por aí fora. Muitas palavras más, daquelas que não se esquecem, eram assim evitadas.

Entre o extremo das palavras a perseguirem-nos por baixo das portas, e a sábia falta de palavras da linguagem dos testos, tem que haver um meio termo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Queima das Fitas


Procurava hoje um poema, para a fita de um poeta. Abri o livro ao acaso e, o acaso foi certeiro.
Reparei que coincide com o meu estudo actual de Kant. E um poeta, explica assim de modo fácil, que não podemos conhecer as coisas an sich, e o que conhecemos das coisas, depende de cada um de nós. Qual D. Quixote, às vezes também eu uso óculos côr-de-rosa!

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Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

De António Gedeão - Impressão Digital

sábado, 5 de abril de 2008

a fantástica aventura de ser humano

" Oh deusa, há oito anos, oito anos terríveis, estou privado de ver o trabalho, o esforço, a luta e o sofrimento... Oh deusa, não te escandalizes! Ando esfaimado por encontrar um corpo arquejando sob um fardo: dois bois fumegantes puxando um arado: homens que se injuriem na passagem de uma ponte; os braços suplicantes de uma mãe que chora; um coxo, sobre a sua muleta, mendigando á porta das vilas...... Não posso mais com esta serenidade sublime! Toda a minha alma arde no desejo do que se deforma, e se suja, e se espedaça, e se corrompe... Oh deusa imortal, eu morro com saudades da morte!"

Eça de Queirós in A Perfeição